Grupo V - Manchas Foliares, Míldios, Oídios e Ferrugens

 

1.     INTRODUÇÃO

As manchas foliares são doenças causadas por uma variedade de agentes patogênicos, incluindo fungos, bactérias e vírus. Essas doenças têm sido uma preocupação significativa na agricultura, pois causam danos às plantas, na produtividade das culturas e podem resultar em perdas substanciais para os agricultores. Elas também podem se apresentar em subgrupos como os oídios, os míldios e as ferrugens.

Oídio é uma doença causada por fungos pertencentes à ordem Erysiphales, que afeta uma ampla variedade de plantas cultivadas em todo o mundo. Essa doença é caracterizada pela presença de um crescimento fúngico branco e pulverulento nas partes aéreas das plantas, como folhas, caules, flores e frutos.

Os efeitos do oídio na agricultura são enormes. A doença reduz a capacidade fotossintética das plantas, resultando em diminuição da produção de nutrientes e, consequentemente, da produtividade da cultura. As folhas protegidas também podem apresentar deformações, o que prejudica o desenvolvimento normal da planta. Além disso, a presença do fungo na superfície das folhas pode afetar a qualidade dos produtos agrícolas, reduzindo seu valor comercial.

Já o míldio é uma doença causada por fungos oomicetos do gênero Phytophthora e Pseudoperonospora, que afeta uma ampla variedade de culturas agrícolas em todo o mundo. Essa doença é especialmente problemática na agricultura devido à sua capacidade de se concentrar rapidamente e causar danos às plantas.

O míldio geralmente se desenvolve em condições de altas temperaturas e temperaturas amenas, tornando-se uma ameaça durante os períodos climáticos e úmidos. O fungo é facilmente disseminado por meio de esporos que são liberados nas gotículas de água e transportados pelo vento ou água, infectando plantas saudáveis ​​próximas. Esse ciclo rápido de infecção e disseminação pode resultar em surtos epidêmicos e perdas consideráveis ​​na produção agrícola.

A doença afeta diretamente a capacidade fotossintética das plantas, afetando a produção de nutrientes e comprometendo o crescimento e desenvolvimento adequado. Além disso, as folhas e frutos infectados pelo fungo tendem a apresentar menor valor comercial devido à diminuição da qualidade e aparência dos produtos agrícolas. Em casos de infestações diversas e falta de controle adequado, o míldio pode levar à perda completa da colheita.

E as ferrugens são doenças fúngicas causadas por diferentes gêneros de fungos pertencentes à ordem Pucciniales. Essas doenças são conhecidas por causar danos em diversas culturas agrícolas, representando uma preocupação constante para os agricultores em todo o mundo.

As ferrugens recebem esse nome devido à aparência das lesões que causam nas plantas. Elas geralmente se manifestam como pequenas pústulas ou estruturas de cor ferrugem nas folhas, caules, flores e frutos das plantas ancestrais. Essas pústulas contêm esporos fúngicos que podem se disseminar facilmente pelo vento, água, insetos e até mesmo por meio do contato humano ou de máquinas agrícolas, que fazem a rápida disseminação da doença.

As ferrugens podem afetar uma ampla gama de culturas, incluindo cereais (como trigo, cevada e milho), leguminosas (como feijão e soja), frutas (como maçã e uva) e árvores frutíferas (como citros e pêssegos). Essas doenças têm o potencial de causar danos causados ​​nas plantas, afetando o desenvolvimento normal, provocando a produção de alimentos e causando perdas consideráveis.

As manchas foliares, de um modo geral, se manifestam como lesões

visíveis nas folhas das plantas, variando em tamanho, forma e cor, dependendo do agente patogênico envolvido. Essas lesões podem aparecer como manchas circulares, pontuações, anéis, estrias ou mosaicos nas folhas, muitas vezes seguidas de sintomas adicionais, como deformação, necrose, desfolha prematura e diminuição da capacidade fotossintética da planta.

Os agentes patogênicos causadores de manchas foliares podem ser controlados de várias maneiras, incluindo a disseminação de esporos pelo vento, água, insetos, ferramentas agrícolas e sementes infectadas. As condições ambientais toleradas, como alta umidade, temperaturas moderadas e períodos prolongados de chuva, geralmente facilitam o aumento da incidência e gravidade dessas doenças.

Agricultores em todo o mundo enfrentam desafios de manejo das manchas foliares, pois a eficácia dos métodos de controle varia dependendo do agente patogênico envolvido, das condições ambientais e das práticas culturais adotadas. O manejo integrado de doenças é essencial para minimizar o impacto das manchas foliares na agricultura, envolvendo o uso de práticas culturais aceitas, seleção de variedades resistentes, rotação de culturas, monitoramento e controle de pragas e doenças, bem como o uso criterioso de fungicidas e bactericidas quando necessário.

Além dos desafios agronômicos, as manchas foliares também têm eficiência energética e social. As perdas na produção de culturas devido a essas doenças podem resultar em escassez de alimentos, aumento dos preços dos produtos agrícolas e efeitos negativos na segurança alimentar. Além disso, os entrevistados muitas vezes enfrentam dificuldades financeiras devido à necessidade de investir em medidas de controle e à redução na qualidade e quantidade de suas colheitas.

Em suma, as manchas foliares representam uma ameaça significativa para a agricultura em todo o mundo, afetando a produtividade das culturas, a rentabilidade dos cultivos e a segurança alimentar global, como nas culturas do algodão, arroz, cana de açúcar, milho e soja, que serão apresentados neste texto.

O desenvolvimento contínuo de estratégias de manejos eficazes e sustentáveis ​​é fundamental para enfrentar essas doenças e garantir uma produção agrícola saudável e sustentável.

 

2.     Doenças do algodoeiro

 

A cultura do algodoeiro é bastante cultivada no Brasil. Essa cultura tem grande importância econômica por ser uma planta onde se aproveita, as sementes, as fibras e até mesmo as folhas para uso medicinal.

As fibras são utilizadas principalmente para a indústria têxtil, as sementes são aproveitadas para serem utilizadas para novas plantações e para a extração de óleos, além dessas utilidades essas sementes são utilizadas para a fabricação de ração animal.  O ciclo dessa cultura pode variar de 130 a 220 dias dependendo da espécie. Ela vai passar por toda a fase de desenvolvimento vegetativo. O fruto do algodoeiro quando verde é conhecido como “maçã”, enquanto o fruto maduro é chamado de “capulho”.

Por conta desse crescimento na produção do algodoeiro, o aparecimento de algumas doenças ficou cada vez mais frequente, principalmente pela resistência dessas plantas ao patógeno. Algumas dessas doenças são causadas por fungos e bactérias e que podem levar a perda na produção.

 

Mancha- alvo (Corynespora cassiicola)

A mancha-alvo no algodoeiro é causada pelo fungo Corynespora cassiicola. Essa doença está presente principalmente em ambiente de climas tropicais e pode atacar também outras culturas de importância econômica. Esse patógeno ataca principalmente as folhas, mas pode contaminar sementes e grãos.  Esse patógeno pode sobreviver em restos culturais ou em plantas hospedeiras (plantas das entressafras e plantas daninhas). A infecção é favorecida quando há um período prolongado de molhamento foliar e temperaturas entre 22ºC e 30°C. Em temperaturas abaixo de 20°C desfavorecem o desenvolvimento do fungo. Esse fungo apresenta maior desenvolvimento em ambientes de baixa umidade principalmente no solo.

 

Sinais e sintomas

A mancha-alvo é caracterizada pelo aparecimento de lesões que geralmente se iniciam por pontuações pardas, com halo amarelados, podendo causar grandes manchas circulares, de coloração castanho-claro ou castanho-escuro, atingindo até 2 cm de diâmetro. As manchas apresentam pontuações no centro e anéis homocêntricos de coloração mais escura, com isso as folhas podem ter coloração mais amarelada onde posteriormente pode causar a desfolha e a maturação prematura. Nas raízes também podem aparecer sintomas dessa infecção, deixando-a com a coloração. Após a morte das plantas, principalmente em solos úmidos, a raiz fica coberta por uma camada negra de conidióforos e conídios.

 

Controle

O uso de variedades resistentes é a melhor maneira de evitar a doença no algodoeiro, ou utilizando sementes com fungicidas. A rotação de cultura é outro tipo de manejo que ajuda no controle dessa doença, geralmente é recomendado utilizar a cultura de alguma gramínea ou milho para evitar a disseminação da doença. Podemos utilizar o controle químico como a utilização do Abacus HC que tem como ingrediente ativo o Epoxiconazol + Piraclostrobina, e ajuda no combate dessa doença que ataca o algodoeiro.

 

Ramulária - Ramularia areola​

 

A ramulária ou mancha de ramulária causado pelo fungo Ramularia areola tem sido um dos principais problemas encontrados na cultura do algodão. Essa doença é de ocorrência generalizada, principalmente no final do ciclo em áreas sombreadas e úmidas, podendo até mesmo ocorrer precocemente em épocas com muita incidência de chuvas. A incidência da doença é, inclusive, um dos fatores responsáveis pelo aumento dos custos de produção do algodão. As condições ideais para o desenvolvimento da ramulária são temperaturas entre 25 e 30°C, umidade relativa superior a 80%, geralmente noites com temperaturas amenas nas quais as folhas permanecem úmidas seguidas de dias secos.

A doença ocorre em lavouras bem desenvolvidas e em ambientes com alta umidade.

 

Sinais e sintomas

Uma das primeiras lesões de ramulária que podemos observar é a face inferior do limbo foliar. Os danos podem medir cerca de 3 mm a 4 mm em formato angular, e são delimitados pelas nervuras da folha. Após a esporulação, acontece a necrose das lesões, e são observadas pontuações necróticas nas folhas. Em situações severas, as lesões da doença podem se juntar, ocupando quase todo limbo foliar, o que causa a queda precoce das folhas.

 

Controle

O monitoramento na produção e o uso de fungicidas são as práticas mais importantes para realizar o manejo de ramulária. A integração de diferentes métodos de controle também deve ser considerada.

Para diminuir o risco de resistência dos fungos, é necessário realizar a rotação de mecanismos de ação e adotar fungicidas multissítios.

Os grupos de fungicidas recomendados para o controle da ramulária são Trizóis, organoestânicos, estrobulinas , carboxamidas.

 

Mancha-de-alternaria - Alternaria spp.

 

A mancha de alternária, também conhecida como pinta preta, é causada por fungos do gênero Alternaria spp. (A. macrospora, A. alternata, A. spp.). As alternárias provocam lesões foliares no algodoeiro e o período de maior incidência e importância desta doença na cultura corresponde à fase compreendida entre o florescimento e a frutificação, e geralmente está associada a outras doenças foliares que incidem sobre a cultura. As condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento da mancha de alternária são a umidade relativa do ar elevada, acima de 80%, alta pluviosidade, temperatura entre 25 e 30ºC. A disseminação do patógeno é feita através de sementes contaminadas, vento, máquinas, homem e restos de culturas.

 

 

Sinais e Sintomas

Nas folhas, os sintomas típicos da mancha de alternaria, causada por A. macrospora, caracterizam-se por manchas arredondadas e bem definidas, apresentando anéis concêntricos de coloração marrom ou parda, circundadas por halos de coloração amarela. Os sintomas causados por A. alternata e A. spp, de menor importância na cultura, apresentam as lesões circundadas por uma coloração arroxeada. Em áreas onde o patógeno ocorre com maior intensidade, a doença evolui rapidamente causando desfolha da planta e lesões nas maçãs, contribuindo efetivamente para o apodrecimento das maçãs.

 

Controle

O controle da mancha de alternária é feito através da utilização de cultivares resistentes, rotação de cultura, destruição de soqueiras, uso de sementes sadias e tratadas e o controle químico com fungicidas. Atualmente, os fungicidas utilizados para o controle de outros patógenos contribuem efetivamente para o controle da mancha de alternaria.

 

Ramulose - Colletotrichum gossypii var. cephalosporioides

 

A ramulose, causada pelo fungo Colletotrichum gossypii (South) var. cephalosporioides (A.S. Costa), encontra-se disseminada pelas principais regiões onde se cultiva o algodoeiro. O fungo pode ser transportado e transmitido via sementes de algodão contaminadas, sendo a semente, portanto, a principal via de disseminação do patógeno. No campo, o patógeno pode sobreviver em restos culturais e a disseminação dos esporos do fungo é realizada por meio de respingos da água das chuvas ou irrigação. As condições climáticas favoráveis à ocorrência da ramulose são umidade relativa do ar elevada, geralmente acima de 80%, alta pluviosidade, temperatura entre 25 e 30ºC.

 

Sinais e sintomas

Os sintomas da doença manifestam-se em plantas de qualquer idade, preferencialmente em tecidos jovens. Inicialmente, os sintomas caracterizam-se pelo aparecimento de pequenas manchas arredondadas nas folhas jovens, na forma de lesões necróticas. O crescimento desigual do limbo foliar provoca o enrugamento da folha e o rompimento das lesões necróticas, formando fissuras denominadas manchas estreladas. O fungo se instala no meristema apical da planta, causando a sua morte, o que favorece as brotações de ramos laterais, dando início ao superbrotamento ou ramulose. Consequentemente, ocorre a redução da distância entre os internódios e a redução no porte da planta. A ramulose tardia, geralmente a partir da fase de florescimento, apresenta sintomas semelhantes de superbrotamento, porém, na maioria das vezes, não afeta as estruturas reprodutivas e consequentemente, não afeta diretamente a produtividade.

 

Controle

Algumas medidas devem ser adotadas para o controle efetivo desta doença como: a utilização de cultivares com algum nível de resistência, a utilização de sementes livres do patógeno e tratadas com fungicidas, a prática de rotação de culturas, a destruição dos restos culturais, o uso de uma adubação equilibrada, pois a alta fertilidade do solo favorece o desenvolvimento da doença e o monitoramento adequado da lavoura, para que o controle químico com fungicidas possa ser realizado no aparecimento dos primeiros sintomas com base em amostragem.

3.     Doenças do arroz

O arroz é considerado o produto de maior importância econômica em muitos países em desenvolvimento, constituindo alimento básico para cerca de 2,4 bilhões de pessoas. É uma cultura que apresenta grande capacidade de se adaptar a diferentes condições de solo e clima. Cultivado e consumido em todos os continentes, o arroz se destaca pela produção e área de cultivo, desempenhando papel estratégico tanto em nível econômico quanto social para os povos das nações mais populosas da Ásia, África e América Latina. Comparado com as demais culturas, o arroz se destaca em segundo lugar em extensão de área cultivada e é superado apenas pelo trigo. Algumas doenças podem causar problemas severos nessa cultura, ocasionando perdas econômicas.

 

Brusone​ (Magnaporthe oryzae)

A brusone no arroz é causada pelo fungo Magnaporthe oryzae, sendo considerada a doença mais importante para a cultura em várias partes do mundo. A doença é um fator limitante para a produtividade do arroz. Se ocorrer na fase vegetativa (nas folhas), causa redução na altura da planta, no número de perfilhos, no número e na qualidade de grãos. Todas as fases do ciclo da doença são altamente influenciadas pelos fatores climáticos. A deposição de orvalho ou gotas de chuva nas folhas é essencial para a germinação dos conídios e para o início da infecção. Portanto, são necessárias altas temperaturas, de 25 ºC a 28 ºC, e umidade acima de 90%, para o desenvolvimento da doença. Outros fatores que contribuem são o excesso de adubação nitrogenada, os plantios adensados e a baixa luminosidade.

 

Sinais e Sintomas

 

Nas folhas, os sintomas da brusone (Magnaporthe oryzae), , iniciam-se com pequenos pontos castanhos que aumentam e formam as lesões típicas, as quais são elípticas, com centro geralmente cinza e as bordas marrons, às vezes circundadas por um halo amarelado. Essas lesões quando aumentam de tamanho e de número, podem se juntar, queimando e provocando a morte das folhas e, muitas vezes, da planta.

 

Controle

Recomenda-se o manejo integrado, que envolve o uso de cultivares resistentes,sementes selecionadas, fungicidas e práticas culturais adequadas, como bom preparo do solo. A proteção contra a brusone na panícula é feita de forma preventiva, por meio de pulverizações com fungicidas sistêmicos, sendo uma aplicada no final do período de emborrachamento e outra com 1% a 5% de emissão de panículas.

Escaldadura-da-folha - (Rhynchosporium oryzae)

         

Escaldadura-do-arroz, causada pelo patógeno (fase teleomórfica) Monographella albescens, (fase anamórfica) Microdochium oryzae (Rhynchosporium oryzae), onde causa maiores danos em arroz de sequeiro, afetando o crescimento e o desenvolvimento da cultura. Seus sintomas são observados no período de perfilhamento e emborrachamento da planta, ocorrendo na extremidade apical ou nas bordas das folhas seus primeiros sintomas.

Essa doença é favorecida pela alta umidade nas folhas, provocada pelas chuvas ou períodos com grande incidência de orvalho, nas fases de perfilhamento máximo e emborrachamento. O excesso de adubação nitrogenada também acelera o desenvolvimento da doença e a alta densidade de plantas aumenta a severidade da mesma.

 

Sinais e Sintomas

          Os sintomas geralmente aparecem na fase de emborrachamento, podendo paralisar o crescimento, aumentando até a fase de maturação das plantas. Os sintomas típicos iniciam-se pelas extremidades apicais das folhas ou pelas bordas das lâminas foliares. Inicialmente as manchas não apresentam margens bem definidas e são de coloração verde-oliva; depois as lesões apresentam sucessões de faixas concêntricas, alternando faixas marrom-claras e escuras. As lesões coalescem, causando secamento e morte das folhas. O fungo infecta os grãos, causando pequenas manchas do tamanho de uma cabeça de alfinete e, em casos severos, provoca descoloração das glumelas, deixando-as com a coloração marrom-avermelhada.

 

Controle

O uso de sementes sadias ajuda nas medidas preventivas. Quando não se tem segurança da qualidade da semente, recomenda-se o tratamento com fungicidas. O manejo adequado da água ajuda a diminuir a incidência. Em lavouras plantadas em rotação com soja o impacto da doença pode ser reduzido com aplicações de fungicidas.

 

Mancha parda – (Helminsthosporium oryzae)

A mancha parda está entre os principais fatores responsáveis por reduções de produtividade e qualidade de grãos de arroz. A mancha parda, também conhecida como mancha marrom, é causada pelo fungo Bipolaris oryzae. O fungo apresenta conídios típicos curvados, mais largos no meio, com um leve afunilamento nas extremidades. A mancha parda é favorecida pelo excesso de chuvas e pela baixa luminosidade durante a formação dos grãos. Alta umidade e temperaturas entre 20 °C e 30 °C são condições ótimas para a infecção e desenvolvimento da doença.

 

Sinais e Sintomas

          A mancha parda pode manifestar-se logo após a germinação, quando são usadas sementes altamente infectadas, causando queima das folhas até o estádio de emissão da segunda folha. As sementes infectadas apresentam redução na germinação e, em geral, os grãos manchados causam perdas no rendimento de grãos no beneficiamento.

Na fase da emergência das plântulas, o fungo causa lesões no coleóptilo de cor marrom e formato circular ou oval. Nas folhas, os sintomas geralmente manifestam-se logo após a floração, com lesões circulares ou ovais com margem parda ou avermelhada e centro acinzentado ou esbranquiçado. Nos grãos, as glumas apresentam manchas marrom-escuras que, muitas vezes, coalescem cobrindo o grão inteiro.

 

Controle

          O tratamento de sementes com fungicidas reduz o inóculo inicial. Uso de cultivares resistentes, quando disponíveis, e de fungicidas sistêmicos no início da emissão das panículas também são medidas efetivas de controle.

 

Queima-das-glumelas

 

Os maiores prejuízos ocorrem quando há coincidência entre a emissão das panículas e períodos de chuva. Temperaturas entre 21 °C a 28 °C e alta umidade, são consideradas condições ideais para esta doença. O fungo sobrevive em restos de cultura, no solo e em sementes, permanecendo viável nas sementes por até três anos, sendo este o principal meio de disseminação do patógeno.

 

Sinais e sintomas

O sintoma inicial de queima das glumelas (Phoma sorghina (Sacc.) Boerema, Dorenbosch & Van Kesteren) é observado na forma de manchas marrom-avermelhadas. As manchas são de tamanhos variados e o centro da lesão apresenta coloração esbranquiçada e margem marrom (Figura 5). Quando as condições são favoráveis ao desenvolvimento do fungo, principalmente com alta precipitação, ocorre a formação de picnídios no centro da lesão e de manchas de cor marrom-avermelhada na extremidade apical que, posteriormente, atingem os grãos.

 

Controle

Utilização de sementes adequadamente tratadas e a eliminação dos restos culturais. Uso de fungicidas em tratamento de sementes, visando a diminuição do inóculo inicial e em pulverização, sendo uma aplicação no final do período de emborrachamento e outra com 1% a 5% de emissão de panículas. Evitar plantios em que a formação dos grãos coincida com períodos chuvosos.

 

4.     DOENÇAS DA CANA DE AÇÚCAR

 

      A cana-de-açúcar é uma fonte de alimento fresco para os animais com altas produtividades de matéria seca por área. É uma cultura que, se bem conduzida, exigirá reforma ou replantio após 5 a 6 anos de produção.

No entanto, o canavial será produtivo comercialmente durante todo esse tempo com alta produtividade de energia e matéria seca se seguidas as recomendações de correção do solo, adubação, manejo de pragas e plantas daninhas, colheita no período correto.

Mancha anelar - Leptosphaeria sacchari​

A mancha anelar é considerada uma doença comum nos canaviais, apresentando sintomas principalmente nas folhas, mas também pode atacar o caule e a bainha da cultura.

 

Sinais e Sintomas

 Os sintomas característicos são manchas de formato fusiforme que surgem em tons amarronzados nos primeiros estágios, mas que crescem e assumem cor de palha conforme o desenvolvimento da doença. O centro dessas manchas apresenta pequenos pontos pardos, que correspondem aos corpos de frutificação do fungo L. sacchari.

Essa é uma doença que não costumava receber muita atenção dos agricultores, por ser observada apenas em folhas velhas e senescentes da cana. No entanto, monitoramentos conduzidos por pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente indicaram a ocorrência da mancha anelar também em folhas novas, apresentando, em alguns casos, quadros de alta severidade.

Controle

 O método de controle adotado é a utilização de variedades resistentes ou tolerantes.

 

Ferrugem - Puccinia melanocephala

       A ferrugem é uma doença que pode provocar perdas de até 50% da cultura em variedades mais suscetíveis à doença.

 

Sinais e Sintomas

      Os primeiros sintomas são o surgimento de pequenas pontuações cloróticas nas folhas, que evoluem para manchas alongadas de cor amarelada, capazes de serem observadas tanto na parte superior como inferior das folhas. Essas manchas aumentam rapidamente (podendo alcançar dez centímetros de comprimento e três centímetros de largura), e progridem para a cor avermelhada, vermelho-parda e, finalmente, preta – quando a folha está nos estágios finais de morte.

 

Controle

O uso de variedades resistentes é o método mais eficiente de controle.

 

Ferrugem alaranjada - Puccinia kuehnii

O fungo P. kuehnii tem o vento como principal agente de disseminação, o que aumenta a sua capacidade de dispersão a longas distâncias e o seu poder de contaminação.

 

Sinais e Sintomas

Entre os sintomas da ferrugem alaranjada, podemos citar pequenas pontuações amareladas e alongadas, que evoluem para pústulas salientes que tendem a se agrupar nos pontos de inserção da folha ao colmo, embora possam estar distribuídas por toda a folha. As condições ideais de infecção são a alta umidade relativa do ar e temperaturas amenas e quentes.

 

Controle

O controle mais eficaz e economicamente viável da ferrugem alaranjada é a utilização de variedades resistentes. Para a avaliação do grau de resistência da cultivar à ferrugem alaranjada utiliza-se a escala diagramática para avaliação da severidade.

5.     DOENÇAS DO MILHO

A mancha branca, a cercosporiose, a ferrugem polissora, a ferrugem tropical, a ferrugem comum, a helmintosporiose estão entre as principais doenças da cultura do milho no momento. A importância de cada uma dessas doenças varia de ano para ano e de região para região, mas não é possível afirmar que alguma delas seja de maior importância em relação às demais.

Além das doenças acima mencionadas, novos desafios têm surgido ao longo dos últimos anos, como o aumento na severidade da antracnose foliar em algumas regiões do país e a ocorrência de podridões de causadas por Stenocarpella maydis e S. macrospora, antes mais comuns em áreas de plantio na região Sul do país, em algumas áreas do Centro–Oeste

 

Cercosporiose (Cercospora zea-maydis e C. sorghi f. sp. maydis)

A doença foi observada inicialmente no Sudoeste do estado de Goiás em Rio Verde, Montividiu, Jataí e Santa Helena, no ano de 2000. Atualmente a doença está presente em praticamente todas as áreas de plantio de milho no Centro Sul do Brasil. A doença ocorre com alta severidade em cultivares suscetíveis, com as perdas podendo ser superiores a 80%.

A disseminação ocorre através de esporos e restos de cultura levados pelo vento e por respingos de chuva. Os restos de cultura são, portanto, fonte local e fonte para outras áreas.

 

Sinais e sintomas

Os sintomas caracterizam-se por manchas de coloração cinza, retangulares a irregulares, com as lesões desenvolvendo-se paralelas às nervuras. Pode ocorrer acamamento em ataques mais severos da doença

 

Controle

Plantio de cultivares resistentes. Evitar a permanência de restos da cultura de milho em áreas em que a doença ocorreu com alta severidade para reduzir o potencial de inóculo.

Realizar rotação com culturas como soja, sorgo, girassol, algodão e outras, uma vez que o milho é o único hospedeiro da Cercospora zeae-maydis. Para evitar o aumento do potencial de inóculo da Cercospora zeae-maydis deve-se evitar o plantio de milho após milho.

Plantar cultivares diferentes em uma mesma área e em cada época de plantio. Realizar adubações de acordo com as recomendações técnicas para evitar desequilíbrios nutricionais nas plantas de milho, favoráveis ao desenvolvimento desse patógeno, principalmente a relação nitrogênio/potássio.

Para que essas medidas sejam eficientes recomenda-se a sua aplicação regional (em macro regiões) para evitar que a doença volte a se manifestar a partir de inóculo trazido pelo vento de lavouras vizinhas infectadas.

 

Ferrugem Polissora (Puccinia polysora)

 

No Brasil, foram já determinados danos de 44,6% à produção de milho pelas ferrugens branca e polissora, sendo a maior parte atribuída a P. polysora e parte a Physopella zeae. A doença está distribuída por toda a região Centro Oeste, Noroeste de Minas Gerais, São Paulo e parte do Paraná. A ocorrência da doença é dependente da altitude, ocorrendo com maior intensidade em altitudes abaixo de 700m. Altitudes acima de 1200m são desfavoráveis ao desenvolvimento da doença.

 

Sinais e sintomas

Pústulas circulares a ovais marrom claras, distribuídas na face superior das folhas e, com muito menor abundância, na face inferior da folha.

 

Controle

 Plantio de cultivares com resistência genética.

 

Míldio - Peronosclerospora sorghi

O míldio causado por Peronosclerospora sorghi (falso-fungo oomiceto) é uma doença presente no mundo todo e que afeta as culturas de milho e sorgo. No Brasil, há relatos de ocorrência em diversas regiões produtoras, sendo os casos mais graves e recentes no Centro sul e agreste de Sergipe.

Embora atendam pelo mesmo nome de míldio, na cultura da soja a doença é causada pela espécie Peronospora manshurica.

Em geral, a doença é favorecida por temperatura moderada e umidade relativa alta. A produção de conídios (esporos do falso-fungo) está relacionada a umidade relativa superior a 80% e a temperatura ótima para esporulação entre 21 e 25°C

 

Sinais e Sintomas

O míldio é um oomiceto (falso fungo) e apresenta as fases assexuada e sexuada no seu ciclo de vida.
A fase assexuada geralmente produz lesões localizadas que se caracterizam por manchas cloróticas e retangulares, além de serem limitadas pelas nervuras laterais.

Pode também apresentar crescimento pulverulento branco nas folhas (aspecto de algodão, que são os conídios) em condições úmidas e frias .

Já na reprodução sexuada, ocorre a infecção sistêmica, causando estrias verdes e cloróticas paralelas, além de folhas mais estreitas e eretas.

Controle

O manejo preferencial para o míldio é através da resistência genética de cultivares. Ou seja, se sua região tem problemas com essa doença, prefira híbridos com maior resistência. 

Aliado a isso, o controle cultural é fundamental para o controle efetivo da doença. A rotação com culturas não hospedeiras é um bom exemplo e essa medida é mais fácil de ser feita no Brasil, já que a doença ataca somente as culturas de milho e sorgo no país.

As medidas culturais de controle de tiguera do milho e sorgo, bem como das plantas daninhas hospedeiras, também reduzem sensivelmente o inóculo e a sobrevivência do patógeno ao longo dos anos. Essa técnica é eficiente especialmente nas áreas em que os oósporos são a principal fonte de infecção e a infestação do solo é severa.

Aração profunda é outra prática eficaz, porém cara, para reduzir a incidência de míldio, principalmente a quantidade de oósporos na camada superficial do solo. A semeadura antecipada também é uma boa opção para regiões que costumam possuir grande quantidade de inóculo.

 

 Helmintosporiose (Exserohilum turcicum)

No Brasil o problema tem sido maior em plantios de safrinha. As perdas podem atingir a 50% em ataques antes do período de floração. O patógeno sobrevive em folhas e colmos infectados. A disseminação ocorre pelo transporte de conídios pelo vento a longas distâncias. Temperaturas moderadas (18-270º C) são favoráveis à doença bem como a presença de orvalho. O patógeno tem como hospedeiros o sorgo, o capim sudão, o sorgo de halepo e o teosinto.

 

Sinais e sintomas

Os sintomas característicos são lesões alongadas, elípticas, de coloração cinza ou marrom e comprimento variável entre 2,5 a 15cm. A doença ocorre inicialmente nas folhas inferiores.

 

Controle

O controle da doença é feito através do plantio de cultivares com resistência genética. A rotação de culturas é também uma prática recomendada para o manejo desta doença

Mancha Branca - Phaeosphaeria maydis

A doença apresenta ampla distribuição no Brasil. As perdas na produção podem ser superiores a 60% em determinadas situações. Alta precipitação, alta umidade relativa (>60%) e baixas temperaturas noturnas em torno de 14º C são favoráveis à doença. Plantios tardios favorecem a doença. Há o envolvimento da bactéria Pantoeae ananas nas fases iniciais da doença.

 

Sinais e sintomas

As lesões iniciais apresentam um aspecto de encharcamento (anasarca), tornando-se necróticas com coloração palha de formato circular a oval com 0,3 a 2cm de diâmetro. Há coalescência de lesões em ataques mais severos.

 

Controle

Plantio de cultivares resistentes. Plantios realizados mais cedo reduzem a severidade da doença. O uso da prática da rotação de culturas contribui para a redução do potencial de inóculo.

 

6.     Doenças na soja

 

A soja é uma oleaginosa, pertencente à família Fabaceae, que abrange também plantas como o feijão, a lentilha e a ervilha. A cultura desse grão é uma das mais importantes para a economia mundial, devido às suas várias possibilidades de aplicação. Na indústria alimentícia, por exemplo, ela é usada como matéria-prima na produção de massas, chocolates, óleos, margarinas e maioneses, além de diversos outros alimentos.

Um dos seus componentes é a lecitina, que é usada na produção de salsichas, sorvetes, barras de cereais, entre outros produtos. O elemento atua como um emulsificante, componente que varia entre as texturas plástica e fluida, dando consistência aos alimentos.

 

Pústula bacteriana - Xanthomonas campestris pv. glycines.

É uma bactéria Gram-negativa, com formato de hastes. Atua nas fases de crescimento vegetativo, floração e frutificação, atacando sementes, grãos, folhas, caules, ramos, flores e frutos. A transmissão da bactéria pode ocorrer através de sementes, que não apresentam sintomas. Restos culturais também são uma importante forma de transmissão. A bactéria infecta a planta através de aberturas naturais e ferimentos.  Chuva e vento também transportam a bactéria de uma planta para outra. Umidade do ar elevada e altas temperaturas são fatores que auxiliam no desenvolvimento da praga.

 

Sinais e Sintomas

Típica de folha, mas também infecta haste, pecíolo e vagem. As manchas são arredondadas, nunca angulares, e de coloração parda. Na parte inferior da folha, no centro da lesão, ocorre pequena elevação de cor esbranquiçada, parecendo um vulcão.

Em cultivares suscetíveis, o grande número de pústulas na superfície da folha dá a aparência áspera, à vista e ao tato. Em estádios mais avançados da cultura, com base apenas nos sintomas, a pústula pode ser confundida com o crestamento bacteriano e com a ferrugem. O patógeno é transmissível pela semente que não mostra sintoma típico.

Os restos de cultura são, também, fonte de inóculo. Infecções secundárias são favorecidas por chuva e vento, aliados às condições de umidade elevada e temperatura alta (acima de 28 ° C). A bactéria pode sobreviver na rizosfera da cultura do trigo, mantendo assim o inóculo para a lavoura de soja seguinte.

 

Controle

Uso de cultivares resistentes.

 

Antracnose - Colletotrichum dematium​

A antracnose é a principal doença que afeta a fase inicial de formação das vagens e é um dos principais problemas dos cerrados. Em anos chuvosos, pode causar perda total da produção mas, com maior frequência, causa alta redução do número de vagens, induzindo a planta à retenção foliar e haste verde. A maior intensidade da antracnose nos cerrados pode ser atribuída à elevada precipitação e às altas temperaturas.

Uso de sementes infectadas e deficiências nutricionais, principalmente de potássio, também contribuem para maior ocorrência da doença. A antracnose é uma doença que afeta a fase inicial de formação das vagens e ocorre com maior frequência na região dos Cerrados, por causa da elevada precipitação e das altas temperaturas.

Em anos chuvosos, pode causar perda total da produção, mas, com maior frequência, causa redução do número de vagens, induzindo a planta à retenção foliar e à haste verde. Uso de sementes infectadas e deficiências nutricionais, principalmente de potássio, também contribuem para maior ocorrência da doença. Sementes oriundas de lavouras que sofreram atraso de colheita, por causa de chuvas, podem apresentar índices mais elevados de infecção. 

 

Sinais e sintomas

Pode causar morte de plântulas e manchas negras nas nervuras das folhas, hastes e vagens. Pode haver queda total das vagens ou deterioração das sementes quando há atraso na colheita. As vagens infectadas nos estádios R3-R4 adquirem coloração castanho-escura a negra e ficam retorcidas; nas vagens em granação, as lesões iniciam-se por estrias de anasarca e evoluem para manchas negras. As partes infectadas geralmente apresentam várias pontuações negras que são as frutificações do fungo.

 

Controle

Recomenda-se o uso de semente sadia, tratamento de semente, rotação de culturas, espaçamento entre fileiras e estande que permitam bom arejamento da lavoura e manejo adequado do solo, principalmente com relação à adubação potássica.

 

Míldio - Peronospora minshurica

O patógeno é introduzido na lavoura por meio de sementes infectadas e por esporos disseminados pelo vento. Ocorre em praticamente todas as regiões produtoras de soja do Brasil. As condições climáticas de temperaturas amenas (20 °C a 22 °C) e umidade elevada, principalmente na fase vegetativa, são favoráveis à doença. À medida que as folhas envelhecem, tornam-se resistentes. A transmissão por semente, na forma de oosporos aderidos ao tegumento, embora possa ocorrer, é rara.

Sinais e sintomas

A doença tem início nas folhas unifolioladas e progride, podendo atingir toda a parte aérea. Os sintomas iniciais são manchas de 3 a 5 mm, verde-claras, que evoluem para cor amarela na página superior da folha, e mais tarde para tecido necrosado.

No verso da mancha amarelada, aparecem estruturas de frutificação do patógeno, de aspecto cotonoso e de coloração levemente rosada a cinza. As infecções na vagem podem resultar em deterioração da semente ou infecção parcial, com formação de uma crosta pulverulenta, constituída de micélio e esporos, dando uma coloração bege a castanho-clara ao tegumento.

 

Controle

Não há medidas de controle recomendadas em razão da pouca importância econômica da doença.

 

Oídio - Microphaera difusa

O oídio é uma doença que, até a safra 1995/96, era considerada de pouca expressão, sendo observada, principalmente, em sojas tardias, na Região Sul, ao final da safra (final de abril-maio), nas regiões altas do Cerrado, em altitudes acima de 1000 m (Patos de Minas, Presidente Olegário e São Gotardo, em Minas Gerais), e em cultivos de inverno sob irrigação com pivô central, para multiplicação de semente na entressafra (Pedra Preta e Alto Taquari, no Mato Grosso). A infecção pode ocorrer em qualquer estádio de desenvolvimento da planta, porém, é mais comum por ocasião do início da floração. Condições de baixa umidade relativa do ar e temperaturas amenas (18 ° C a 24 ° C) são favoráveis ao desenvolvimento do fungo.

 

Sinais e sintomas

Microsphaera diffusa é um parasita que se desenvolve em toda a parte aérea da planta. Apresenta uma fina cobertura esbranquiçada, constituída de micélio e esporos pulverulentos. Nas folhas, com o passar do tempo, a coloração branca do fungo muda para castanho-acinzentada e, em condições de infecção severa, pode causar seca e queda prematura das folhas.

 

Controle

O método mais eficiente de controle é o uso de cultivares resistentes. O controle químico pode ser utilizado por meio da aplicação de fungicidas.

 

Ferrugem - Phakopsora pachyrhizi​

A primeira constatação da ferrugem asiática, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, em lavouras no Brasil, ocorreu na safra 2001/02 e rapidamente espalhou-se pelas principais regiões produtoras, em função da eficiente disseminação pelo vento.

O nível de dano que a doença pode ocasionar depende do momento em que ela incide na cultura, das condições climáticas favoráveis à sua multiplicação, da resistência/ tolerância e do ciclo da cultivar utilizada. Reduções de produtividade próximas a 70% podem ser observadas quando comparadas áreas tratadas e não tratadas com fungicidas,  em anos de alta incidência da doença. O processo de infecção depende da disponibilidade de água livre na superfície da folha, sendo necessárias no mínimo seis horas, com um máximo de infecção ocorrendo com 10 a 12 horas de molhamento foliar.

Temperaturas entre 18 ° C e 26,5 ° C são favoráveis para a infecção. Quanto mais cedo ocorrer a desfolha, menor será o tamanho dos grãos e, consequentemente, maior a perda do rendimento e da qualidade (grão verde). A ferrugem americana (P. meibomiae) é reconhecida como de pouco impacto sobre o rendimento; P. pachyrhizi é mais agressivo e pode causar perdas significativas.

Sinais e sintomas

Podem aparecer em qualquer estádio de desenvolvimento da planta. Os primeiros sintomas são caracterizados por minúsculos pontos (no máximo 1 mm de diâmetro) mais escuros do que o tecido sadio da folha, de coloração esverdeada a cinza-esverdeada, com correspondente protuberância (urédia), na página inferior da folha. As urédias adquirem cor castanho-clara a castanho-escura, abrem-se em um minúsculo poro, expelindo os esporos hialinos que se acumulam ao redor dos poros e são carregados pelo vento.

Controle

O controle químico com fungicidas formulados em mistura de diferentes grupos químicos tem-se mostrado eficiente. O fungicida deve ser aplicado preventivamente ou nos primeiros sintomas da doença. Deve-se realizar a semeadura no início da época recomendada, utilizar preferencialmente cultivares precoces e cumprir o vazio sanitário [eliminando plantas voluntárias de soja (guaxa ou tiguera) na entressafra], para diminuir o inóculo na safra seguinte; evitar a semeadura em safrinha. Cultivares resistentes estão disponíveis para algumas regiões do Brasil, no entanto, não dispensam a utilização de fungicidas, uma vez que populações virulentas podem ser selecionadas em decorrência da variabilidade do patógeno.

 

7.     Conclusões

As doenças foliares representam uma ameaça significativa à agricultura mundial, causando prejuízos para os biológicos e para a produtividade das culturas. Essas doenças são causadas por diferentes patógenos, como fungos, bactérias e vírus, que infectam as folhas das plantas e comprometem seu crescimento e desenvolvimento saudável.

Os efeitos das  doenças foliares na agricultura são diversos. Primeiramente, elas podem resultar em perdas significativas de rendimento e qualidade das safras. A redução na produção de alimentos afeta a segurança alimentar global e pode levar ao aumento dos preços dos alimentos, prejudicando especialmente as populações mais isoladas. Além disso, os agricultores precisam investir em medidas de controle e tratamento das doenças, o que aumenta os custos de produção e diminui os lucros.

No entanto, o manejo integrado de doenças tem mostrado uma abordagem eficaz para reduzir os efeitos das doenças foliares na agricultura. Essa abordagem combina diferentes estratégias de controle, incluindo medidas preventivas, culturais, químicas e biológicas, com o objetivo de minimizar as perdas causadas por doenças.

As medidas preventivas são fundamentais no manejo integrado de doenças, envolvendo práticas como a rotação de culturas, o uso de sementes e mudas certificadas, a limpeza de equipamentos agrícolas e a implementação de boas práticas agrícolas. Essas ações ajudam a reduzir a incidência e a gravidade das doenças foliares, prevenindo sua resistência e estabelecimento nos campos.

Além disso, o manejo integrado de doenças busca promover o equilíbrio dos agroecossistemas, fortalecendo a resistência das plantas por meio de práticas culturais aceitas, como o manejo da irrigação, adubação balanceada e controle da densidade de plantas. A utilização de métodos biológicos, como a introdução de agentes de controle natural e uso de cultivares resistentes, também desempenha um papel importante no controle das doenças foliares.

Por fim, o manejo integrado de doenças inclui o uso criterioso de produtos químicos defensivos, quando necessário. É fundamental que esses produtos sejam utilizados de forma responsável, seguindo as recomendações técnicas e respeitando os aspectos ambientais e de saúde pública

 

Referências

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SYNGENTA. Manchas foliares: como controlar essas doenças na cana-de-açúcar? portal.syngenta.com.br. Disponível em: <https://portal.syngenta.com.br/noticias/manchas-foliares-como-controlar-essas-doencas-na-cana-de-acucar/>. Acesso em: 27 jun. 2023.

 

TIMM, Elis; ÁLVARO, Simon; VERÍSSIMO, Aloísio; et al. Doenças da Cana-de-açúcar. [s.l.: s.n., s.d.]. Disponível em: <https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/164613/1/Sistema-de-Producao-23-Incluido6.pdf>.

 

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